Como proteger as crianças do terrível mosquito da dengue?

Mais de 1,4 milhão de casos já foram registrados em 2019. Pediatra orienta sobre o uso adequado de repelentes na infância, especialmente para bebês

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Com a aproximação do verão, estação que começa no dia 21 de dezembro, cresce a preocupação da população com a proliferação de mosquitos. Principalmente o Aedes aegypti, transmissor de doenças como dengue, zika e chicungunya. Neste ano, o risco de uma epidemia da dengue preocupa ainda mais as autoridades. A enfermidade que costuma ter seus altos índices de pacientes no verão já tem dados assustadores neste finalzinho de primavera.

Já são mais de 1,4 milhão de casos de dengue no Brasil neste ano, um aumento de 690% em relação ao anterior. A região Centro Oeste concentra a maior incidência da doença, com 1.235,8 casos.  A doença já provocou cinco vezes mais mortes do que em 2018 – foram 689 até outubro. Além disso, casos de chikungunya chegaram a mais de 110 mil, aumentando 44,2% em relação a 2018. Com a zika não foi diferente, o crescimento do número foi de 47,1%, totalizando 9.813 casos ainda em 2019.

Os dados alarmantes levaram o Ministério da Saúde a antecipar a campanha de prevenção, como forma de evitar uma piora no cenário com a chegada do verão. A conscientização é essencial para combater esse crescimento, seja estimulando atividades para eliminar criadouros de mosquitos, como também na prevenção das picadas por meio de produtos que protegem tanto as crianças como adultos. Entenda agora como pequenos gestos podem fazer toda diferença.

A extinção do mosquito Aedes Aegypti só é possível quando realizados os trabalhos individuais e em grupo. Ambos requerem cuidado, carinho, atenção e diálogo com vizinhos, amigos, parentes e também com a sociedade. Cada cidadão precisa apenas de 10 minutos do dia para observar sua casa, seu ambiente de trabalho e, até mesmo, ajudar as pessoas que ainda não perceberam os riscos que os criadouros de ovos de mosquitos trazem. Este simples hábito é capaz de combater a proliferação da doença a ponto de reduzi-la de forma notável.

Nessa época, o uso de repelentes também é muito recomendado, sobretudo para proteger as crianças contra as picadas desses insetos. A médica Maria da Glória Neiva, diretora da área de pediatria do Hospital Vitória, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, orienta sobre a aplicação correta do repelente nos pequenos.

  • Os repelentes podem ser usados em crianças?

Sim. A maioria dos produtos pode ser aplicada em crianças, desde que sejam respeitadas as recomendações dos pediatras, que não indicam o uso em menores de 6 meses.

  • Quais as recomendações para proteger as crianças, principalmente os bebês?

O cuidado com o ambiente é fundamental. Entre as medidas a serem adotadas, os pais podem utilizar telas nas janelas. Também é recomendável ligar repelentes elétricos próximo a janelas e portas e manter o ambiente sempre limpo – tendo cuidado especial com a limpeza de terrenos e lotes próximos à residência, com a devida retirada de lixo e entulhos.

  • É mito ou verdade que o uso do complexo B afasta os mosquitos?

Não existem evidências científicas que apontem a eficácia do uso dessa vitamina contra as picadas dos mosquitos, por isso sua utilização é controversa.

  • Quais as substâncias permitidas nos repelentes para as crianças e qual é a faixa etária indicada?

Repelentes aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que contenham os princípios ativos DEET, icaridina e IR 3535, são permitidos para uso nas crianças acima de 6 meses. É recomendado que os pais confiram as instruções das embalagens dos diversos produtos disponíveis no mercado, considerando o tempo de atuação de cada um deles, bem como as orientações para a faixa etária permitida. É importante que os pais não apliquem durante o sono. Para esse momento, o uso de telas protetoras, ventiladores, ar-condicionado e repelentes eletrônicos são mais adequados.

  • É necessário um teste alérgico para saber qual tipo de repelente poderá ser aplicado? 

A orientação aqui é a de seguir as medidas de prevenção mencionadas anteriormente, sempre utilizando nas crianças com mais de 6 meses. Cada produto tem, em seu rótulo, a recomendação de tempo de atuação e a fase da infância permitida. No caso da apresentação de reações alérgicas aos repelentes, o indicado é procurar o pediatra que acompanha seu filho ou um serviço de emergência especializado em atendimento infantil.

  • Se mesmo com os cuidados, a criança for picada, quais as recomendações imediatas?

São indicados a limpeza das lesões e o corte das unhas das crianças, a fim de evitar traumas em decorrência do prurido (coceira). Outra medida importante é evitar o uso de medicamentos sem a devida orientação do pediatra. Além disso, é necessário observar se não ocorrem sintomas, como pintas vermelhas, febre e queixa de dores. Vale reforçar que nem sempre as picadas apresentam lesões perceptíveis, por isso é importante estar atento e procurar assistência médica em caso de dúvida.

  • Há como diferenciar a picada do mosquito comum da do Aedes aegypti?

Não é possível fazer essa diferenciação. O importante é reforçar a proteção quando a criança está em áreas abertas, durante o dia, principalmente no início da manhã – quando o mosquito tem maior atividade – e no final da tarde.

  • Para crianças de férias, qual recomendação de repelente associado ao uso de filtro solar? 

Não é recomendada a associação de repelente com protetor solar para crianças. O indicado é aplicar o protetor e 40 minutos depois passar o repelente aconselhado para a faixa etária.

  • No caso dos bebês, como os pais devem proceder para evitar que sejam picados?

É recomendável o uso de macacões compridos ou calças. Procur utilizar roupas claras nos bebês, pois os tecidos muito coloridos podem atrair os mosquitos. Outra medida eficaz é o uso de mosquiteiros, telas e velas naturais de citronela, que tem um odor mais leve para o bebê, mas com poetencial repelente para os mosquitos. Ainda assim, se houver necessidade de utilizar algum tipo de repelente, procure os recomendados para essa faixa etária e não permita que a criança vá dormir com o produto no corpo.

  • Recomendações adicionais

Não aplicar o repelente na mão da criança para que ela mesma o espalhe no corpo. O motivo é que os pequenos podem passá-lo nos olhos ou na boca;

Aplicar o repelente na quantidade e nos intervalos recomendados pelo fabricante, lembrando que a maioria dos produtos atuam até 4 centímetros do local da aplicação;

Não aplicá-lo próximo da boca, do nariz, dos olhos ou sobre a pele traumatizada. Outra dica é guardar a bula ou a embalagem para posterior consulta, em caso de efeitos adversos (alergias);

Assim que não for mais necessário, o repelente deve ser retirado no banho;

Em locais muito quentes ou em crianças que suam mais, os médicos e fabricantes recomendam reaplicações mais frequentes.

Cuidados especiais na gravidez

É preciso redobrar os cuidados, principalmente grávidas, tendo em vista que as infecções podem causar complicações tanto para a gestante quanto para o feto Segundo a ginecologista e obstetra do Hospital da Mulher Anchieta, Dra. Renata Gobato, dengue e chikungunya estão mais relacionadas a complicações maternas, enquanto zika pode gerar comprometimentos neurológicos aos fetos.

Na gestação, o risco de evolução para um quadro de dengue hemorrágica grave é maior do que em mulheres não grávidas. Além disso, infecção por essas doenças estão mais relacionadas a quadros de abortamento. Já a infecção pelo vírus Zika pode causar microcefalia ao feto”, explica.

Por isso, é fundamental que se realize um diagnóstico precoce. Os exames para identificar essas três patologias não fazem parte da rotina de pré-natal. De acordo com a médica, as enfermidades são investigadas apenas se a paciente apresentar sintomas, que são muito parecidos. “Febre alta, dores no corpo e nas articulações, manchas vermelhas na pele, dor de cabeça e coceira pelo corpo são sinais de alerta e que precisam ser avaliados com mais cuidado”, ressalta Dra. Renata.

Tratamento

O mais importante é repouso e hidratação oral, além disso a gestante deve ficar atenta aos sinais de maior gravidade como hipotensão, sangramentos e piora do estado geral.

Prevenção

O controle dos focos do mosquito, o uso de repelentes e, se possível, mosquiteiros são medidas fundamentais.

Planejando a gravidez

Em casos de infecção por zika, antes da gestação, o Centro de Controle e Prevenção de Doença (CDC, na sigla em inglês) recomenda que as mulheres aguardem pelo menos oito semanas do aparecimento dos sintomas para tentar engravidar; para os homens, a orientação é que espere pelo menos seis meses antes de tentar engravidar suas parceiras.

Amamentação

Segundo a ginecologista, não existem evidências nos estudos que indiquem transmissão pelo leite materno, portanto, o aleitamento pode ser mantido em caso de infecções.

Agenda Positiva

A Associação Brasileira de Medicina do Trabalho – ABMT faz neste fim de semana (13 e 14) no Rio de Janeiro, o Congresso ABMT 75 anos. Um dos assuntos discutidos será o papel das empresas na prevenção e tratamento da dengue. Outro tema discutido será a gestão das empresas sobre planos de saúde diante da inflação médica média de 17% ao ano. Veja mais informações no site.

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